Narrativas sobre a peste negra na Idade Média em livros didáticos de História da rede estadual de ensino no Pará (2019-2020) - Geraldo Magella de Menezes Neto

Geraldo Magella de Menezes Neto Doutorando em História Social da Amazônia – Universidade Federal do Pará (UFPA); Secretaria Municipal de Educação de Belém (SEMEC-Belém); Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC-PA). Email: geraldoneto53@hotmail.com.


Introdução

A atual pandemia do covid-19, disseminada no Brasil no ano de 2020, nos faz refletir sobre as doenças ao longo do tempo e como o ensino de História pode contribuir para uma discussão crítica sobre a questão. Um tema privilegiado nesse sentido é a epidemia da peste negra na Idade Média. 


Em outro estudo, abordamos como a peste negra pode ser trabalhada no ensino de História (MENEZES NETO, 2020). Neste texto, nosso objetivo é analisar as narrativas do tema da peste negra nos livros didáticos de História utilizados na rede estadual de ensino do Pará, na cidade de Belém, no ano de 2019 e início de 2020. As questões que irão nortear este trabalho são as seguintes: qual o espaço que este tema ocupa dentro do conteúdo relativo à Idade Média? Como o tema da peste negra é apresentado nos livros didáticos?  Quais fontes os livros utilizam para trabalhar este tema? Quais as possibilidades para o professor de História trabalhar o tema da peste negra a partir destes livros didáticos?


A Idade Média nos livros didáticos de História

Os livros didáticos ainda hoje são o principal recurso didático que os professores e alunos da educação básica no Brasil têm acesso em sala de aula na disciplina de História. O governo federal, por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), distribui milhões de livros para as escolas públicas brasileiras, como forma de auxiliar no processo de ensino e aprendizagem.

Alain Choppin aponta algumas funções essenciais exercidas pelos livros didáticos: função referencial, na qual se constitui “o suporte privilegiado dos conteúdos educativos, o depositário dos conhecimentos, técnicas ou habilidades que um grupo social acredita que seja necessário transmitir às novas gerações”; função instrumental, na qual “põe em prática métodos de aprendizagem, propõe exercícios ou atividades”, que visam “facilitar a memorização dos conhecimentos, favorecer a aquisição de competências disciplinares ou transversais”; função ideológica e cultural, na qual se afirmou como um dos “vetores essenciais da língua, da cultura e dos valores das classes dirigentes”; e função documental, cuja observação ou confrontação do conjunto de documentos, sejam textuais ou icônicos, “podem vir a desenvolver o espírito crítico do aluno.” (CHOPPIN, 2004, p. 553, grifos do autor).


Os conteúdos relativos ao período conhecido como Idade Média estão presentes em livros didáticos brasileiros desde o século XIX. Conforme aponta Elza Nadai, a história inicialmente estudada no país foi a História da Europa Ocidental, apresentada como a verdadeira História da Civilização. Os livros brasileiros eram inspirados em manuais franceses, como os de Seignobos e Malet. (NADAI, 1992/1993, p. 146). Por exemplo, no livro Lições de história da civilização, de José Estácio Benevides, de 1902, segundo Itamar Freitas, a chamada “história média”, compreendia o período que “decorre desde a queda do império romano até o décimo quinto século, por ocasião da descoberta da América.” (FREITAS, 2006, p. 161). 


Essa abordagem da Idade Média pelos livros didáticos desde então tem sido alvo de críticas de vários pesquisadores. José Rivair Macedo afirma que o que orienta a reprodução do conhecimento relativo à Idade Média europeia nos livros didáticos de ensino fundamental e médio é a “evolução das formas de governo, isto é, o governo temporal dos reinos dos reinos e do império, e o governo espiritual/temporal da Igreja”; a “configuração dos grupos sociais, com particular ênfase das relações de dominação entre senhores feudais e camponeses, ou então na formação e decadência do feudalismo e a germinação do capitalismo moderno.” (MACEDO, 2011, p. 111). 


Já Pereira e Giacomoni observam que os livros didáticos ainda veiculam uma imagem da Idade Média a partir da crítica iluminista, ou seja, como uma “Idade das Trevas”, um período de fome, miséria, sem produção de conhecimento, além de generalizar o sistema feudal para todo o período de 1000 anos e em todo o espaço europeu, e de classificar a sociedade medieval segundo a teoria das “três ordens”, constituídas apenas de clero, nobreza e camponeses. (PEREIRA, GIACOMONI, 2008). 


Apesar dessa visão negativa sobre a Idade Média nos livros didáticos que predomina nas pesquisas dos medievalistas, entendemos que esta fonte pode ser um ponto de partida para trabalhar os conteúdos da História Medieval com os alunos a partir das demandas identificadas pelo professor. Conforme demonstra estudo de Menezes Neto e Maia, que utilizaram entrevistas com professores de História que ministram o conteúdo da Idade Média em escolas do ensino fundamental de Belém do Pará, os docentes tem consciência das limitações dos livros didáticos, contudo, utilizam os livros e, junto com outros recursos didáticos, fazem uma abordagem que discute temas importantes da História Medieval adequados para o contexto escolar. (MENEZES NETO; MAIA, 2017).


O tema da peste negra nos livros didáticos

Considerando a importância dos livros didáticos de História e a veiculação de conteúdos sobre a Idade Média neste material escolar para os alunos do ensino fundamental e médio, neste estudo buscamos investigar como o tema da peste negra aparece dentro dos conteúdos da História Medieval. Para tal, utilizamos como fontes cinco livros didáticos aprovados pelo PNLD para serem utilizados entre os anos 2017 e 2023, voltados para o 6º ano e 7º ano do ensino fundamental e 1º ano do ensino médio. Estes livros foram encontrados em escolas de Belém, como Prof. Nagib Coelho Matni, Profa. Anésia e Ruth Passarinho, sendo utilizados por diversos professores, incluindo o autor deste texto. Segue abaixo a relação dos livros:


Quadro 01: Relação de livros didáticos utilizados na pesquisa

Livro

Autores

Ano de publicação

Anos para utilização pelo PNLD

Integralis história 7º ano

Maria Aparecida Pontes; Célia Cerqueira; Pedro Santiago

2015

2017-2019

História das cavernas ao terceiro milênio (1º ano - ensino médio)

Patrícia Ramos Braick; Myriam Becho Mota

2016

2018-2020

Conexões com a história (1º ano - ensino médio)

Alexandre Alves; Letícia Fagundes de Oliveira

2016

2018-2020

História.doc, 7º ano

Ronaldo Vainfas et al.

2018 

2017-2019

Araribá mais: história (6º ano): manual do professor

Obra coletiva. Editora responsável: Ana Claudia Fernandes

2018

2020-2023


Nos livros didáticos o tema da peste negra aparece dentro da discussão da Idade Média, tanto nos livros destinados ao ensino fundamental quanto o médio, em capítulos como “A Europa feudal”, “A Europa medieval e a civilização islâmica”, “A Baixa Idade Média”. Geralmente aparece associada à um período de crise do período medieval, em tópicos como: “A crise do mundo medieval”, “Crise do sistema feudal”, “A crise do século XIV”. Podemos relacionar essa abordagem com o que diz Marcelo da Silva Murilo, de que, se nos últimos anos a ideia de Idade Média como “Idade das Trevas” foi sendo abandonada nos livros didáticos, por outro lado, acabou sendo substituída por uma “idade das catástrofes múltiplas”, ou seja, a era da obscuridade cedeu lugar à era das falências múltiplas (queda de modelo e de sistema econômico, falência das estruturas sociais e políticas etc.). (MURILO, 2013, p. 131). A peste negra se torna um dos fatores elencados pelos autores como causadores da crise do período na Europa Ocidental.


Há diferenças no espaço que os livros destinam ao tema da peste negra: em três livros ela aparece como tópico específico, com uma página dedicada à questão (ALVES; OLIVEIRA; 2016; FERNANDES, 2018; VAINFAS et al., 2018); já nos outros dois, é abordada de forma resumida em um ou dois parágrafos. (PONTES; CERQUEIRA; SANTIAGO, 2015; BRAICK; MOTA, 2016).


A abordagem da peste negra nos livros segue basicamente uma determinada construção narrativa: primeiro, comenta-se o contexto de crises - climática, econômica e de fomes - na Europa medieval, para então introduzir-se o tema da peste negra; depois, explica-se o que é a peste negra, com referências ao fato dela ter vindo da Ásia; após, destaca-se a mortandade provocada pela doença, atingindo sobretudo os camponeses e o mais pobres, ressaltando a quantidade de um terço de mortos na Europa em meados do século XIV. Vejamos alguns exemplos abaixo:


Ao longo do século XIV essa situação [crises econômica e climática] provocou fome e mortes. A subnutrição, aliada às precárias condições de higiene, tornou-se propícia à disseminação de doenças, sobretudo a peste, como ficou conhecida a epidemia de peste bubônica ocorrida entre 1347 e 1350. (PONTES; CERQUEIRA; SANTIAGO, 2015, p. 110).


A metade do século XIV marcou o início da série de surtos epidêmicos que, a partir de então, foram recorrentes na Europa durante mais de um século, transformando a peste numa pandemia. Calcula-se que cerca de 20 milhões de pessoas, ou aproximadamente um terço da população europeia, tenham sido vitimadas pela peste. (ALVES; OLIVEIRA; 2016, p. 156).

A doença se originou no Oriente e chegou à Europa através dos ratos infectados por uma bactéria, transportados em navios de mercadores genoveses. As pulgas que mordiam esses roedores foram responsáveis pela transmissão da doença para os seres humanos. As causas da peste negra só foram descobertas no século XIX. (VAINFAS et al., 2018, p. 21).


Nos livros nos quais a peste negra é abordada no espaço de uma página, há um aprofundamento da explicação. Por exemplo, em Araribá mais: história (6º ano): manual do professor, o livro descreve de forma mais detalhada como a peste se manifesta no ser humano, o que proporciona ao aluno uma ideia de seus efeitos:


No primeiro caso [a peste bubônica], o bacilo entra no indivíduo percorrendo suas vias linfáticas até ficar retido nos gânglios do pescoço, sob os braços e nas virilhas, gerando um inchaço muito doloroso chamado bubão. A incubação da doença é rápida e seus sintomas, como manchas escuras na pele, aparecem entre dois a cinco dias após o contágio. (FERNANDES, 2018, p. 229).


Percebemos nessa forma de descrição e explicação da peste negra na Idade Média a influência de Georges Duby na abordagem que os livros fazem da peste negra na Idade Média. (DUBY, 1999). Suas obras são encontradas na bibliografia de todos os livros didáticos, tendo as maiores menções o livro Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos e Atlas histórico mundial. Em Araribá mais: história (6º ano): manual do professor, o livro didático traz como texto complementar ao professor que for trabalhar o tema um trecho do livro Ano 1000, ano 2000, de Duby. (FERNANDES, 2018, p. 228-229). No capítulo “O medo das epidemias”, que é produzido a partir de um esquema explicativo de perguntas e respostas, Duby escreve de forma simples e direta sobre a peste negra na Europa medieval (DUBY, 1999), se tornando assim uma referência historiográfica importante e acessível, inspirando os autores de livros didáticos na forma de discutir o tema em suas obras.  


As fontes utilizadas nos livros didáticos no tema da peste negra

Para abordar o tema da peste negra, os livros didáticos analisados trazem fontes históricas junto aos textos. Estas fontes ora aparecem apenas como ilustrações, ora como elementos de problematização para estimular o aluno a refletir e resolver atividades sobre o tema.

As fontes mais utilizadas são as imagens. Todos os livros trazem imagens que representam o contexto da peste negra. Dois livros trazem a pintura O triunfo da morte, de Pieter Bruegel, de 1562, quadro que expressa os horrores da peste, representando muitas mortes e destruição. (BRAICK; MOTA, 2016, p. 144; VAINFAS et al., 2018, p. 21). No entanto, em ambos os livros, a pintura de Bruegel é colocada apenas como ilustração, como forma de complementar o texto. 


Em outros dois livros, a imagem utilizada é uma iluminura do manuscrito de Giles de Muisit, de 1349, intitulada como O enterro das vítimas da peste no verão de 1349 (PONTES; CERQUEIRA; SANTIAGO, 2015, p. 110) ou A morte negra em Tournai (ALVES; OLIVEIRA; 2016, p. 156). Por fim, outra pintura é A peste em Louvain em 1578, sem indicação de autoria. (FERNANDES, 2018, p. 229). Outra imagem, utilizada em um espaço menor, é uma ilustração de Jan Van Grevenbroeck, do século XVIII, representando um médico veneziano usando roupa protetora contra a peste. (VAINFAS et al., 2018, p. 21). Todas essas imagens também assumem a função de complementar o texto, sem um estímulo a uma análise crítica. Como os livros são destinados a alunos em processo de formação, inclusive de leitura, as imagens servem para ilustrar o assunto tratado nos textos, como forma de facilitar o entendimento do conteúdo.


Outra fonte utilizada, em dois livros didáticos, é o trecho do livro Decamerão, de Giovanni Boccacio, escrito entre 1348 e 1353, que trata da peste negra. (PONTES; CERQUEIRA; SANTIAGO, 2015, p. 111; ALVES; OLIVEIRA; 2016, p. 156). Esta fonte, diferente das imagens, é utilizada de forma a trazer ao aluno um relato da época sobre a doença e os impactos na sociedade medieval. Nesse ponto, se destaca o livro Integralis história 7º ano que traz atividades que estimulam a interpretação do trecho do Decamerão, com questões sobre o nome do autor, a data da obra, como a doença se difundiu pela Europa e as suas consequências. (PONTES; CERQUEIRA; SANTIAGO, 2015, p. 111).


Possibilidades para o trabalho com o tema da peste a partir dos livros didáticos

Longe de descartar o livro didático por eventuais lacunas ou decretar negativamente a narrativa que ele faz da Idade Média, como fazem vários estudos de medievalistas, vamos aqui sugerir algumas possibilidades para o trabalho com o tema da peste a partir dos livros didáticos disponíveis para utilização em 2020 nas escolas do Pará. Ora, mesmo com as limitações do material, entendemos que o professor é um profissional reflexivo, que realiza práticas criadoras, mobilizando “saberes docentes” que são construídos a partir das demandas do cotidiano docente. (TARDIF; LESSARD; LAHAYE, 1991).

Em primeiro lugar, vamos tratar do livro Araribá mais: história (6º ano):


Imagem 01: Tópico “A peste negra” no livro Araribá mais: história (6º ano): manual do professor

(FERNANDES, 2018, p. 229).


Neste livro voltado para o 6º ano, série em que muitos alunos chegam com dificuldades de leitura, a partir do tema da peste negra, o professor pode inicialmente estimular a interpretação de texto, com perguntas solicitando que o aluno explique o que é a peste negra, como ela pode infectar o ser humano, como ela chegou à Europa, quais as consequência da epidemia. Pode também solicitar que o aluno procure no dicionário algumas palavras que tragam dificuldades de compreensão, como “bacilo”, “gânglios”, “incubação, etc. 


Outra possível atividade seria, após a leitura do texto “Os caminhos da peste”,  a utilização de um mapa-múndi no qual o aluno traçaria a rota da peste negra, da Ásia até a Europa, o que pode auxiliar na compreensão do espaço em que a peste se disseminou e o seu alcance, e desenvolver habilidades de leitura cartográfica, reconhecendo os continentes e os países. Por fim, o professor poderia trazer uma notícia de jornal e de sites sobre a atual pandemia do covid-19 para comparar o alcance e os efeitos das duas doenças, na Idade Média e em 2020, estabelecendo a conexão passado e presente. Acreditamos que de duas a três aulas seria o suficiente para uma discussão sobre o tema.


Passamos agora para o livro Conexões com a história (1º ano - ensino médio):


Imagem 02: Tópico “A peste negra” no livro Conexões com a história (1º ano - ensino médio)

(ALVES; OLIVEIRA; 2016, p. 156).


Neste livro, voltado para o ensino médio, além das perguntas de interpretação de texto, o professor pode utilizar as duas fontes presentes: a imagem e o trecho de Boccaccio. Em relação à imagem A morte negra em Tournai, de 1349, uma atividade interessante seria compará-la com fotografias atuais relacionadas ao covid-19, estimulando um debate ou a elaboração de um texto sobre os impactos emocionais que as doenças causam na sociedade, tanto na Idade Média quanto no tempo presente, no qual a imagem da morte passa a fazer parte do cotidiano, provocando reflexões sobre a vida humana e seus significados.


Já sobre o trecho do Decamerão, de Boccaccio, o professor pode relacioná-la com descrições sobre os efeitos da atual pandemia do covid-19, com relatos de pessoas que perderam parentes e amigos, com as dificuldades de acesso à hospitais, principalmente nos interiores, ou ainda, com os discursos políticos de negacionismo da gravidade da doença. Lendo o trecho do Decamerão, os alunos podem constatar na atualidade os efeitos que uma doença pode causar na sociedade.


Considerações finais

Neste breve texto, buscamos analisar uma questão que envolve o trabalho do professor de História da educação básica, que é o livro didático e o seu uso em sala de aula. Partimos do tema da peste negra na Idade Média como um exemplo de debate que o professor pode fazer em sala de aula a partir dos livros.

Mesmo reconhecendo as limitações da discussão sobre a peste negra nestes impressos, reduzida, na maior parte dos casos analisados, a uma página, buscamos apresentar como existem possibilidades para o professor trabalhar este tema com os alunos das mais variadas formas: analisando as imagens, os trechos do Decamerão, dialogando com o presente. Entendemos que, no contexto atual da pandemia do covid-19, debater o tema da peste negra na Idade Média é fundamental, para que os alunos possam fazer relações entre as experiências das sociedades do passado e as experiências que eles estão vivenciando atualmente. Desse modo, acreditamos que o papel do professor de História da educação básica continua sendo essencial para um debate sobre a Idade Média.


Referências 

Livros didáticos

ALVES, Alexandre; OLIVEIRA; Letícia. Conexões com a história (1º ano - ensino médio). 3 ed. São Paulo: Moderna, 2016.

BRAICK, Patrícia; MOTA, Myriam. História das cavernas ao terceiro milênio (1º ano – ensino médio). São Paulo: Moderna, 2016.

FERNANDES, Ana Claudia (Editora responsável). Araribá mais: história (6º ano): manual do professor. São Paulo: Moderna, 2018.

PONTES, Maria Aparecida; CERQUEIRA, Célia; SANTIAGO, Pedro. Integralis história 7º ano. São Paulo: IBEP, 2015.

VAINFAS, Ronaldo et al. História.doc, 7º ano. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2018.


Bibliografia

CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte. Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 30, n. 3, p. 549-566, set./dez. 2004.

DUBY, Georges. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos. São Paulo: Editora UNESP/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999.

FREITAS, Itamar. A história universal de José Estácio Correia de Sá e Benevides (1890/1903). In: Histórias do ensino de história no Brasil (1890-1945). São Cristóvão: Editora UFS; Aracaju: Fundação Oviêdo Teixeira, 2006.

MENEZES NETO, Geraldo Magella de. Estudar a peste negra em tempos de coronavírus: relações entre a Idade Média e o tempo presente no ensino de História. In: BUENO, André; BIRRO, Renan; BOY, Renato. (orgs.). Ensino de História Medieval e História Pública. Rio de Janeiro: Sobre Ontens/UERJ, 2020. Disponível em: https://simpohis2020medievopublic.blogspot.com/p/estudar-peste-negra-emtempos-de.html

MENEZES NETO, Geraldo Magella de; MAIA, Lívia Lariça Silva Forte. A História Medieval e seus desafios na educação básica: relatos de professores de escolas públicas de Belém do Pará. Revista de História Bilros: História(s), Sociedade(s) e Cultura(s). Fortaleza, vol. 5, n. 9, p. 35-63, mai.-ago. 2017.

MURILO, Marcelo da Silva. Idade Média e seu ensino: novos horizontes/velhos problemas. In: SILVA, Marcos. (org.). História: Que ensino é esse? Campinas-SP: Papirus, 2013.

NADAI, Elza. O ensino de história no Brasil: trajetória e perspectiva. Revista Brasileira de História. São Paulo, vol. 13, n. 25/26, pp. 143-162, set. 1992/ago. 1993.

TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude; LAHAYE, Louise. Os professores face ao saber: Esboço de uma problemática do saber docente. Teoria & Educação, n. 4, p. 215-233, 1991.

Comentários

  1. Olá Geraldo, tudo bem? Obrigado pela reflexão e parabéns pelo esforço de continuar o trabalho proposto pelo prof. Marcelo Murilo (UFAC). Precisamos de reflexões sérias sobre o Ensino de História Medieval e uma maior produção na área.

    Pensando nisso, fica uma sugestão: você já pensou em incluir o material do Lewis Mumford sobre a Idade Média presente em "A cidade na História"? Nas aulas da graduação, os alunos ficam surpresos quando eu contraponho a ideia da peste e sujeira (manifesta em Monty Python em Busca do Calice Sagrado, por exemplo) e a realidade das grandes cidades brasileiras (favelização, falta de saneamento básico, calçamento, animais que transmitem doenças etc.). Como é algo presente e recorrente, é possível pressupor uma naturalização das condições de vida insalubres que permitem a propagação de doenças - sem mencionar uma realidade "medieval" ainda muito presente em nosso cotidiano.

    Abraços,

    Renan Birro

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    1. Prezado Renan,

      Muito obrigado pela leitura e pela sugestão. Confesso que não tinha lido ainda esse capítulo sobre a Idade Média no livro do Lewis Mumford. Certamente irá contribuir para a pesquisa e para as minhas aulas.

      Nas aulas que ministro na graduação em História e na educação básica sobre a História Medieval sempre busco fazer uma relação com temas do presente, com o objetivo de desmistificar a ideia negativa de “Idade das Trevas”, que ainda permanece sobre a Idade Média. Por exemplo, busco associar a questão das moradias do passado e do presente, a partir das obras de Hilário Franco Jr, Jacques Le Goff e Georges Duby; a alimentação, a partir de capítulos dos livros História da Alimentação e Dicionário Temático do Ocidente Medieval, etc. O objetivo é que os alunos percebam como o “medieval” está presente no nosso cotidiano, sem que isso signifique algo “negativo”.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  2. Prezado autor, o seu trabalho é bastante interessante! Gostaria de saber como você avalia as narrativas encontradas, no sentido de refletir o espaço dado e as representações que estão em voga para os estudantes. Obrigado!

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    1. Prezado Caio,

      Muito obrigado pela leitura e pela pergunta. Penso que, logicamente, o espaço dado nos livros didáticos sobre a peste negra é pequeno. No entanto, devemos considerar que o livro não aborda apenas os conteúdos da chamada Idade Média, mas uma série de questões que vão desde temas como “Introdução à História”, a “Pré-história”, Antiguidade, etc. Dessa forma, é complicado cobrarmos que os autores, que têm uma série de limitações de espaço e uma obrigatoriedade de escrever em uma linguagem didática, acessível ao público escolar, possam fazer uma discussão maior sobre o tema da peste negra. Entendo que, na medida do possível, o tema é apresentado como ponto de partida para que o professor possa desenvolvê-lo mais de acordo com suas turmas e suas necessidades, pois considero o professor da educação básica um intelectual produtor de conhecimento.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  3. Prezado autor, achei interessante o tema do seu trabalho e a sua análise em relação aos livros, realmente, o livro didático é uma das mais importantes ferramentas no ensino no Brasil, seja ele da rede pública, ou da rede privada, onde investimentos em materiais são feitos e existe toda uma obrigatoriedade de resultados.
    Gostaria, entretanto de pontuar o seguinte: Devido ao seu recorte, acho que seria pertinente relacionar o tema a produção e publicação da BNCC, em 2018. Ela constituiu a base do ensino no Brasil e os componentes curriculares de história foram os mais debatidos. Com isso, a produção do livro didático passou a ser inserida em uma lógica de resultado e avaliação, conforme o modelo neoliberal da Base Nacional Comum Curricular. Portanto.

    Além disso, gostaria de saber em que medida, debates relacionados a identidade do povo brasileiro, que permeiam o ensino de história, podem ser prejudiciais para estudos medievais, especialmente em escolas em que os especialistas no tema, em geral, não fazem parte da produção do material didático e como o seu trabalho ajuda a demonstrar que os livros ainda estão muito preocupados com a relação entre "causa e efeito" especialmente em temas como a Idade Média.

    Abraços, parabéns.
    Renan Perozini

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    1. Prezado Renan,

      Muito obrigado pela leitura e pela pergunta. Concordo com você sobre a importância da legislação, no caso a BNCC no processo de produção de livros didáticos, como uma espécie de guia curricular para as editoras e autores. Gostaria apenas de explicar que não fiz uma abordagem da BNCC devido às limitações nas normas para a publicação deste texto no evento, preferindo focar nas narrativas sobre a peste negra em si. Em um artigo futuro em uma revista com mais laudas à disposição posso me aprofundar na questão.

      Sobre a pergunta das “discussões da identidade brasileira”, se podem ser prejudiciais aos estudos medievais. Certamente, nos currículos de História do ensino fundamental e médio, a História Medieval ocupa um espaço menor do que a “História do Brasil”. Creio que a questão a ser discutida não é o espaço que a Idade Média ocupa nos conteúdos escolares, mas a forma como ela aparece. Creio que é necessária uma abordagem que a aproxime mais do cotidiano dos alunos, algo que poucos livros fazem.

      Como você diz, de fato “os especialistas no tema, em geral, não fazem parte da produção do material didático”. No entanto, observo que poucos são os medievalistas e professores universitários que se dispõem a dialogar com a educação básica, boa parte se fecha em suas pesquisas preocupados mais com publicações em revistas acadêmicas, que tenham um bom conceito, para que possam enriquecer seus lattes. Falta um maior engajamento e conscientização que a pesquisa acadêmica deve dialogar, e também aprender, com os conhecimentos e experiências daqueles que estão na “linha de frente” da educação, os professores da educação básica, para que assim haja um intercâmbio de ideias para uma transformação mais efetiva na forma como a História Medieval chega aos alunos e como ela pode contribuir na formação dos futuros cidadãos.

      Sobre as discussões no processo de construção da BNCC de História , gostaria de indicar, humildemente, a leitura do meu artigo “As discussões sobre a Base Nacional Comum Curricular de História: entre polêmicas e exclusões (2015-2016)”, publicado na Revista Crítica Histórica, em 2016, que está disponível em: https://www.academia.edu/34585843/MENEZES_NETO_Geraldo_Magella_de_As_discuss%C3%B5es_sobre_a_Base_Nacional_Comum_Curricular_de_Hist%C3%B3ria_entre_pol%C3%AAmicas_e_exclus%C3%B5es_2015_2016_Revista_Cr%C3%ADtica_Hist%C3%B3rica_Ano_VIII_no_15_julho_2017_p_31_61

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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    2. Muito obrigado, foi bem esclarecedor. Certamente irei ler o artigo.

      Parabéns.

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  4. Olá, Geraldo

    Primeiramente eu gostaria de dizer que gostei muito da sua investigação!

    Gostaria de saber se ao analisar esses livros didáticos, não sei se esse texto teu é fruto de pesquisas mais extensas ou não, você pensou no processo editorial de construção do próprio livro. A fragmentação de tarefas, os diferentes níveis e formações dos que trabalham na composição e a própria não comunicabilidade desetores que muitas das vezes permeiam o trabalho, como quem seleciona os textos prévios para construção da narrativa, o autor do texto, quem seleciona as imagens e assim por diante.

    Caso tenha o feito, você poderia comentar um pouco mais sobre e quais as possíveis influências disso na produção do conteúdo?

    Obrigada desde já e bom dia!

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    1. Prezada Lunielle,

      Muito obrigado pela leitura e pela pergunta. Minha pesquisa no doutorado é sobre o processo de produção e usos de livros didáticos regionais de “História do Pará” e de “Estudos Amazônicos”. No entanto, me interesso também pelas discussões sobre História medieval e ensino. Essa questão observada por você diz respeito ao que Robert Darnton chama de “circuito de comunicação” do livro, o processo que leva o livro do autor ao leitor, que é objeto de discussões também na História Cultural por Roger Chartier que chama a atenção para a análise da materialidade do livro. Concordo que essa é uma discussão fundamental, pois ainda hoje muitas pesquisas se limitam a analisar os conteúdos do livro didático, sem levar em conta os autores, as questões editoriais, os outros profissionais que fazem parte do processo de produção dos livros, etc. Como minha “defesa”, argumento que não inclui essa discussão devido às limitações nas normas para a publicação deste texto no evento.

      O que posso dizer, em uma observação preliminar, é que os autores devem obedecer às normas estabelecidas pelas editoras, tais como: quantidade de páginas, palavras e caracteres; inserção de várias imagens junto ao texto para tornar o livro mais atrativo; linguagem didática adequada ao ensino fundamental ou médio; relação com as legislações educacionais, como a BNCC, LDB, Leis 10639/2003 e 11645/2008; relação com a historiografia atualizada, etc. Diante de tudo isso, os conteúdos que fazem parte dos livros didáticos são escolhidos e escritos a partir de todos esses fatores, sendo que muitas vezes o autor não consegue impor o seu ponto de vista, sendo o livro um objeto fabricado resultado de inúmeras negociações. Só considerando tudo isso é que podemos fazer uma crítica mais contundente sobre a forma como os conteúdos sobre a Idade Média e temas aparecem nos livros didáticos. Meu objetivo neste breve texto foi analisar as narrativas sobre o tema da peste negra e sugerir algumas possibilidades práticas para o professor da educação básica. No futuro, pretendo incluir também essa discussão mais aprofundada sobre o processo de produção do livro didático que você comentou.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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    2. Bom dia, Geraldo

      Agradeço sua resposta!Também associei com as discussões de Chartier sobre produção e circulação de livros e suas considerações sobre uma nova forma de reutilizar o que ora é descartado ou ora utilizado de forma tradicional é bastante interessante.

      A você, sucesso!

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  5. Izabelle Teixeira da Rocha31 de agosto de 2020 às 11:34

    Olá Geraldo!

    Adorei o texto e suas análises aos livros didáticos! Achei interessante o fato de que há diversas possibilidades para tratar o tema no livro, mesmo que possa haver poucas informações.
    Também sou de Belém do Pará e graduanda em História, e vejo muitos desafios no ensino da disciplina, até porque já vivi na realidade de estudante de escola pública, em que, na maioria dos casos, não tinha uma inovação na abordagem, somente era passada a visão dos livros, sem um olhar crítico, nem uma forma de envolver os alunos à interpretação. O livro muitas das vezes é utilizado apenas para o método "decoreba", pois "vai cair na prova".

    Queria saber o que o senhor acha a respeito deste ensino e deste uso do livro, visto como um método comum nas escolas públicas.

    Agradeço desde já. Um abraço!

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    1. Prezada Izabelle,

      Muito obrigado pela leitura e pela pergunta. Que bom ter encontrado uma conterrânea no evento! Os professores da educação básica reconhecem as limitações dos livros didáticos em relação aos conteúdos sobre a Idade Média, e na medida do possível tentam utilizá-los junto com outros recursos didáticos. Infelizmente, o excesso de trabalho e a falta de tempo para leitura tornam essa tarefa difícil para boa parte dos professores.

      Para uma discussão sobre essa questão, sugiro a leitura do artigo que fiz junto com Lívia Maia, “A História Medieval e seus desafios na educação básica: relatos de professores de escolas públicas de Belém do Pará”, publicado na Revista de História Bilros. Neste artigo, utilizamos como fonte entrevistas com professores de História do ensino fundamental, que relatam as dificuldades e os usos dos livros didáticos sobre a História Medieval.
      Está disponível em: https://www.academia.edu/34585857/MENEZES_NETO_Geraldo_Magella_de_MAIA_L%C3%ADvia_Lari%C3%A7a_Silva_Forte_A_Hist%C3%B3ria_Medieval_e_seus_desafios_na_educa%C3%A7%C3%A3o_b%C3%A1sica_relatos_de_professores_de_escolas_p%C3%BAblicas_de_Bel%C3%A9m_do_Par%C3%A1_Bilros_Fortaleza_v_5_n_9_p_35_63_mai_ago_2017

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  6. Primeiramente, gostaria de parabeniza-lo pelo excelente texto!
    É de fundamental importância tratar sobre a epidemia da peste negra no contexto atual da covid-19, pois dessa forma, jovens e crianças que estão vivenciando uma pandemia pela primeira vez, tomam conhecimento de que essa não foi a única vez e possivelmente não será a última. É interessante destacar os motivos que causaram a disseminação de cada surto, a peste negra se espalhou pela Europa principalmente pela falta de informações sobre a doença e as formas de contágio, não é uma realidade do século XXI, a principal causa da proliferação do corona vírus no cenário mundial foi a globalização, embora sabendo que a mesma possui seus pontos positivos, nesse aspecto foi nocivo, uma vez que a facilidade de locomoção espalhou um surto viral mundialmente. Traçar esse paralelo entre a peste negra e a covid-19, nos oferece uma clareza quanto ao avanço e "retrocesso" que vivenciamos atualmente.

    Atenciosamente,
    Jackiely de Lima Feitosa

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    1. Prezada Jackiely,

      Muito obrigado pela leitura. Realmente, a intenção foi discutir um tema bastante pertinente para entender melhor esse período de pandemia que estamos vivendo, e como a disciplina de História pode contribuir. Sugiro a leitura do texto “Estudar a peste negra em tempos de coronavírus: relações entre a Idade Média e o tempo presente no ensino de História”, que está disponível em: https://simpohis2020medievopublic.blogspot.com/p/estudar-peste-negra-emtempos-de.html

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  7. Parabéns Geraldo pela pesquisa, ao dialogar a peste negra com o convid.19, é possível colocar no imaginário do aluno um problema do passado, comparando com o que ele esta vivendo no momento, dando assim uma melhor compreensão do que é uma pandemia, e como ela se espalhou por toda a Europa que não contava com saneamento básico, assim como no Brasil onde os mais afetados foram os moradores de cidades e bairros que não contam com saneamento e nem estruturas hospitalares capazes de proteger seus moradores, ou seja os mais humildes. Se tratando de escolas públicas a maioria dos alunos se enquadram nesse contexto. Portanto, esse tema também não poderia se expandir para discutir as causas das mazelas sociais vividas por esses mesmos alunos?

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  8. comentário acima é de Matias Jorge de Sousa Pereira, esqueci de escrever embaixo desculpa

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    1. Prezado Matias,

      Muito obrigado pela leitura e pela leitura. Certamente, o tema da peste negra na Idade Média pode ser um ponto de partida para a discussão de várias questões no presente. Lembro de uma atividade que fiz em uma turma do 7º ano, comparando a moradia dos camponeses na Idade Média e das populações da periferia do presente, mostrando como há várias semelhanças. Além disso, a questão do acesso a saúde e as más condições de saneamento nas cidades podem ser relacionadas com a Idade Média, mostrando que não estamos à frente das sociedades medievais, com problemas crônicos que nos impedem de dizer que somos mais “evoluídos” que os povos do passado. Creio que só uma abordagem que estimule a relação passado-presente pode fazer com que os conteúdos da História Medieval sejam mais significativos aos alunos da educação básica.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  9. Olá, Geraldo, primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelo texto. Você cita algumas imagens presentes nos livros didáticos que analisou, como por exemplo "O triunfo da morte", "O enterro das vítimas da peste no verão de 1349" e "A peste em Louvain em 1578". Como estudioso da área da educação, além da familiarização dos alunos para com o tema descrito, qual a importância da utilização dessas imagens nos livros que analisou, bem como nos livros e conteúdo em geral? Você considera a utilização de imagens como um "encheção de linguiça" em algumas ocasiões, ou apenas entende a estratégia para tornar os livros mais atrativos para a educação básica?

    Augusto Agostini Tonelli

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  10. Olá, Geraldo, primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelo texto. Você cita algumas imagens presentes nos livros didáticos que analisou, como por exemplo "O triunfo da morte", "O enterro das vítimas da peste no verão de 1349" e "A peste em Louvain em 1578". Como estudioso da área da educação, além da familiarização dos alunos para com o tema descrito, qual a importância da utilização dessas imagens nos livros que analisou, bem como nos livros e conteúdo em geral? Você considera a utilização de imagens como um "encheção de linguiça" em algumas ocasiões, ou apenas entende a estratégia para tornar os livros mais atrativos para a educação básica?

    Augusto Agostini Tonelli

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    1. Prezado Augusto,

      Muito obrigado pela leitura e pela leitura. Conforme mencionei no trabalho, considero que nos livros didáticos analisados as imagens são utilizadas mais como complemento aos textos, para tornar a leitura mais atrativa para os alunos. Embora seja muito fácil criticar esse uso das imagens pelos livros, como fazem muitos pesquisadores, devemos entender a lógica da produção de um livro didático a partir do ponto de vista da editora, que deve produzir um livro com uma linguagem que possa ser compreendida pelos alunos, além de ter uma capacidade de atração, com muitas imagens, pois está inserida num mercado competitivo, buscando ganhar o seu espaço.

      Assim, não encontrei atividades que estimulem a análise das imagens, cumprindo uma função mais de complemento aos textos. Contudo, como compreendo que o professor da educação básica é um intelectual reflexivo e proativo, ele pode criar atividades a partir das imagens, dando a elas um estatuto de fonte para ser objeto de análise e crítica pelos alunos.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  11. Prezado autor. Quero primeiramente parabenizá-lo pelo trabalho. Achei bem interessante sua temática, e pertinente, principalmente para ampliar o olhar dos professores do segundo segmento do fundamental e ensino médio.
    A minha pergunta é: Se for dar prosseguimento à essa pesquisa, o senhor tem a pretensão em analisar os interesses do poder vigente (ou até mesmo dos poderes anteriores) por trás da produção desses determinados livros didáticos ou o especificamente nos conteúdos do período medieval?

    Atenciosamente,
    Tatiane Leal Barbosa

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    1. Prezada Tatiane,

      Muito obrigado pela leitura e pela pergunta.

      Minha intenção no futuro é focar nas práticas de ensino e aprendizagem da História Medieval. Pretendo, se possível, quando as aulas voltarem, fazer um estudo dos usos dos livros didáticos pelos professores neste tema da peste negra, e a recepção dos alunos às atividades propostas pelos professores. Analisar a produção dos alunos, como eles compreenderam o tema e as conexões que fazem com a sua realidade vivenciada na pandemia.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  12. O trabalho é extremamente interessante, além de atualíssimo.
    Durante o tempo que lecionei no ensino fundamental, tive enorme difículdade de encontrar livros c conteúdo adequado de Idade Média pois geralmente o espaço destinado a esse conteúdo era mínimo, e frequentemente restrito a explicar somente o que era feudalismo.
    Concordo com o Renan Birro sobre realizar o comparativo com a reidade nsalubre das favelas, para ajudar os alunos da educação básica tanto a se aproximar do tema, quanto entender a importância e atualidsde de sua discussão!
    Parabéns pelo trabalho!

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    1. Prezada Sabina,

      Muito obrigado pela leitura e pelo elogio!

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  13. Parabenizo pelo seu texto. É verdade que o tema é pouco trabalhado no livro didático. Na sua visão, como o professor nesse período em que as aulas em muitos casos estão acontecendo online, pode trabalhar o tema sobre a peste contida no livro didático utilizado-se da vídeo aula? Como ele pode fugir do óbvio e tornar a aula atraente?

    Jonas Durval Carneiro

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    1. Prezado Jonas,

      Muito obrigado pela leitura e pela pergunta. De dato, a pandemia trouxe inúmeros desafios, como a questão das aulas virtuais. Creio que nessas aulas é mais viável o uso de imagens, estimulando o aluno a compreendê-las e fazer a sua própria interpretação. O professor pode utilizar as imagens do livro didático e compará-las com imagens da atual pandemia do covid-19, como fotografias e charges, comparando seus significados, os discursos, etc. Essa é uma forma do aluno perceber como a discussão da peste negra na Idade Média está tão atual.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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  14. Excelente texto Professor.
    Como destaca seu texto, a Idade Média nos livros sempre foi mostrada de forma "superficial" e caracterizada como um período sem avanços artísticos, econômicos ou sociais, ou seja, como um período de "trevas". Atualmente, com novas concepções sobre o tema e no contexto atual de pandemia, essa visão da Idade Média vem sendo modificada. Entretanto, o uso de livros em sala de aula muitas vezes é utilizado pelos alunos apenas para "decorar" os conteúdos, sem aprender de fato. Na sua opinião, quais outras metodologias de ensino sobre a Idade Média os professores devem utilizar juntamente com o livro didático para conseguir um aprendizado mais significativo?

    Talita Taline da Mata Silva

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    1. Prezada Talita,

      Muito obrigado pela leitura e pela pergunta. De fato, o ensino da História Medieval é um desafio na educação básica. Devemos buscar selecionar temas que aproximem a Idade Média do cotidiano dos alunos para que a discussão possa ter significado para eles. Entendo que se torna relevante trabalhar, se possível, com recursos didáticos como filmes, jogos, imagens, quadrinhos, etc. Como costumo repetir, considero o professor da educação básica como um intelectual reflexivo, um pesquisador também, que pode estimular uma interpretação mais crítica da Idade Média junto aos alunos.

      Cordialmente,

      Geraldo Magella de Menezes Neto.

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