Medievalismo na Literatura de Fantasia Contemporânea: Suserania e Vassalagem na obra Crônicas de Gelo e Fogo - Patrick Neto de Bastiani

Patrick Neto de Bastiani Licenciado em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Email: patrick.bastianicemeaf@gmail.com.


A Idade Média se tornou um dos períodos históricos mais revisitados pela literatura de fantasia. Desde Tolkien com as obras da Terra Média às narrativas de RPG atuais, o medievo está no imaginário das pessoas de variadas formas, seja como um período das trevas, onde ciência e cultura estão sob o prisma do obscurantismo e a Igreja Católica detém o poder temporal e espiritual sobre a vida da população, seja como uma terra povoada de criaturas míticas como dragões, elfos duendes e magos poderosos. Sendo assim, ao analisar a obra literária de George R.R. Martin, As Crônicas de Gelo e Fogo, na íntegra, pude observar e constatar que sob a luz do medievalismo, podemos sugerir que a Idade Média retratada por Martin, ainda que não seja uma obra histórica, pode ser encarada como um saber, ainda que a academia em geral, não veja com bons olhos essa vertente de estudos. 


A obra literária contemporânea aqui analisada, vai além da fantasia medieval dos dragões e da violência. Em vista disso, pretendo apresentar brevemente a pesquisa na qual estive envolvido por um período considerável de minha graduação situando-a em uma dimensão historiográfica que através de pesquisas recentes têm mostrado que é capaz de se estudar a Idade Média fora da Europa juntamente com uma tendência que realiza pesquisas medievalísticas em obras contemporâneas e populares como livros, filmes e jogos. Para tanto se faz necessário, compreender que trabalharemos a relação, estereotipada ou não, que a literatura fantástica pode ter com a Idade Média, e como esta pode mostrar mais sobre a relação que as pessoas terão com o medievo. 


Ao realizar uma leitura atenta, para além do entretenimento, em Crônicas de Gelo e Fogo constatei que ali, permeando os cinco volumes como um todo, havia uma estrutura de poder extremamente importante na Idade Média, a suserania e a vassalagem. Começa então uma investigação minuciosa buscando atentar para a forma que as mesmas funcionam no mundo imaginário de Westeros, e em que dimensão esta apropriação se aproxima ou distancia da literatura acadêmica e consagrada sobre Idade Média. 


É incontestável que as Crônicas de Gelo e Fogo é uma obra fundamentalmente anti-histórica, inspirando-se em mitos populares sobre muitos períodos e lugares diferentes. Mas enquanto ilumina pouco sobre o passado, revela muito sobre como o imaginamos. Tendo isto posto, é importante refletir sobre as motivações de Martin ao ambientar sua obra em um contexto medieval. É interessante frisar que a popularização da Idade Média a partir dos anos 80 do século XX, se deu muito pela literatura de fantasia, e que esta pode ser uma das razões. O contexto em que as obras começam a ser publicadas é um período muito fértil no imaginário sobre a Idade Média, um período em que quem produz algo de fantasia medieval consegue obter lucros consideráveis. Paralelamente a isso temos um panorama rico no que concerne aos medievalismos.  


Nesse sentido surgiu nos últimos anos toda uma corrente historiográfica que se volta para o estudo da Idade Média fora de seus meios convencionais. Essa corrente ainda engatinha e carece de mais aprofundamento, principalmente no Brasil. Justamente por esse motivo, esta comunicação é uma tentativa de iniciar o leitor em um quadro teórico que estuda obras da cultura pop atual que têm como pano de fundo o medievo, visando demonstrar que a Idade Média pode ser um tema de pesquisa relevante em países como o Brasil. 


A obra de Martin é um prato cheio para que possamos traçar um paralelo entre as apropriações realizadas por uma obra contemporânea com a Idade Média, porém sempre frisando o caráter não histórico das mesmas. Aqui não se procurou entender Crônicas de Gelo e Fogo como uma série de livros que permitiriam ao leitor entender a Suserania e Vassalagem como de fato eram praticadas na Idade Média, mas sim entender como imaginamos essa Idade Média ora inacessível, ora entranhada no imaginário contemporâneo.


Logo nos primeiros capítulos de Fúria dos Reis, segundo volume das Crônicas de Gelo e Fogo um dos personagens, Stannis, está mobilizando seus esforços para uma possível guerra pelo trono de ferro. E a reunião de seus vassalos será fundamental para atingir o que almeja 


O primeiro apontamento nos demonstra o quanto a instituição da vassalagem é essencial para que o mundo fictício construído pelo autor faça sentido. Outra apuração é o caráter essencialmente militar das relações entre vassalos e suseranos, pois a reunião dos vassalos que será feita por Stannis diz respeito exclusivamente a esforços para a guerra. O que se faz necessário nesse momento é o uso dos guerreiros profissionais dos quais nos fala Marc Bloch em a Sociedade Feudal, tendo em mente que tanto nos tempos feudais, quanto na obra de Martin vemos uma evocação da tradição, no sentido mais restrito da palavra. São homens que “pertencem” a um senhor e lhe devem proteção, não só das suas propriedades como também na guerra, proteção essa que ganhará sentido a partir do uso de cavalos. 


A todo o momento durante a leitura de As Crônicas de Gelo e Fogo, nos deparamos com o caráter essencial da vassalagem para estratégias de guerra. A defesa ou ataque só se tornam possíveis se algum dos grandes senhores possuírem vassalos o suficiente para realizar algum movimento específico, seja no campo de batalha, defesa de terras ou marcha sob a terra inimiga. 


Cabe nesse momento, sob a ótica do medievalismo, entender que para o historiador esses trechos não devem ser vistos com o olhar da academia que procura erros, segundo Fréderic Vitoux, “ Ser arqueologicamente fiel ao passado é frequentemente a melhor maneira de traí-lo”. Esse trecho é citado em um artigo sobre a adaptação televisiva de Crônicas de Gelo e Fogo, escrito por Riccardo Facchini e intitulado ‘I watch it for historic reasons.’ Representation and reception of the Middle Ages in ‘A Song of Ice and Fire’ and ‘Game of Thrones’. Apesar de ser um estudo sobre um outro viés de releituras medievais, as ideias apresentadas pelo autor nos são muito úteis na construção de uma reflexão sobre o medievalismo e suas múltiplas vertentes. É trabalhada aqui a percepção do que realmente interessa ao estudar essas produções culturais que se declaram reconstruções do medievo, não é a precisão histórica alegada pela obra, mas entender que o simples fato de alguém produzir algo em um contexto medieval, denota uma visão dupla sobre o passado. Entender a reconstrução do passado medieval remoto, e o contexto no qual a obra de ficção é produzida e como este influenciou nas etapas de produção desta. 


E é em relação a esse contexto na qual foi produzida a obra que esbarramos num dos aspectos mais particulares do medievalismo. A obra ficcional de Martin, como a própria caracterização diz, não tem como cenário o mundo real, lugares reais ou personagens históricas reais. Sendo assim, o que teria de medieval que fosse o suficiente para conduzir um estudo? A partir do momento em que Martin alega ter lido livros de História Medieval e que estes foram inspiradores para que pudesse criar o mundo de fantasia épica de Westeros, lidamos com a ideia de que a simples declaração do autor suscita em seus leitores um sentimento de que a obra se passa, de fato, em um mundo medieval. A reconstrução histórica em Crônicas de Gelo e Fogo se dá em relação ao público que o vê como histórico.


Levando tais ideias em conta, é válido estudar a vassalagem como um elemento de grande importância numa obra de fantasia, que ainda que não tenha se inspirado em acontecimentos com o rótulo de “reais “ pela consagrada academia é substancial o suficiente para que se possa estudá-la e entender, mesmo de maneira diferente das fontes, como esta funciona na Idade Média. 


Ricardo Facchini, dá um panorama de obras historiográficas que buscaram estudar essas apropriações de características medievais em obras de ficção. O autor defende que, por muito tempo, esses estudos não realizaram uma investigação devida ao fenômeno. Eles, na maioria dos casos, estudam as interconexões entre a ficção e História com uma leitura positivista, realizando uma comparação improdutiva entre os acontecimentos medievais e os que se passam nas obras de fantasia. Ao fazer essa comparação, o resultado é um descrédito à obra de ficção, pois o fenômeno que observamos, é o uso dos acontecimentos reais, como parâmetro para medir o quão denso historicamente uma obra de ficção pode ser. 


São trabalhos que podem ter sucesso em realizar uma aproximação entre o público em geral e aspectos do medievo, porém falham em algo extremamente importante: não são uma resposta relevante para uma pergunta que um estudioso medievalista poderia fazer sobra a obra de Martin, por exemplo. Essas questões poderiam esbarrar em reflexões muito mais pertinentes, como a representatividade da história em obras de fantasia, ou mesmo a relação da sociedade contemporânea com o passado medieval. 


A História é a todo momento representada na obra de Martin, e um dos fenômenos mais presentes é o prestígio que a cavalaria, claramente associada a nobreza e a laços vassálicos, representa no mundo. Ela é mostrada diversas vezes, como a necessidade de um grupo social mostrar uma imagem de si, de se fazer representada.   


Em uma outra passagem do terceiro livro da série, Bran um dos protagonistas observa uma reunião de cavaleiros se preparando para iniciar um torneio que ostentam seus estandartes, suas cotas de malha, elmos e outros equipamentos que seriam a marca incontestável do cavaleiro. O que nos chama a atenção aqui é o olhar do personagem, convencido de que se encontra diante de um grupo notável e seleto do qual nutre certa inveja. Martin não mede esforços ao apresentar ao leitor a notoriedade da cavalaria.


Os sentimentos mostrados em relação à presença de cavaleiros que se preparam para um torneio, dizem respeito destacadamente ao prestígio que detém os cavaleiros para o resto das pessoas, a pompa, as bandeiras, as ricas armaduras são um símbolo do que é desejável. E por esse motivo entendemos os anseios de Bran. Ser cavaleiro, fazer parte de um círculo social distinto com todos os seus privilégios é uma característica fundamental não só de Westeros, mas também do período que se convencionou chamar de Baixa Idade Média. 


Vale a pena nesse momento revisitar a obra Sociedade Cavaleiresca de Georges Duby, pois a posição social que o cavaleiro passa a ocupar, (certamente vassalo de alguém; ás vezes suserano de outrem) advinda de seu prestígio, o colocam em outros âmbitos se comparados com o resto do mundo. Eles não são mais distinguidos da nobreza pois nesse momento colocam “os cavaleiros num lugar à parte em relação a todos os outros”. 

É interessante a esse estudo, ponderar sobre a existência de uma outra consideração muito importante sobre essa distinção que marca os cavaleiros numa sociedade alicerçada pela hierarquia. Destaca-se que é de vital importância que se compreenda que a dimensão assumida pela figura cavalheiresca é tal que os que fossem nobres e não sagrados cavaleiros se encontram em posição inferior aos não nobres que se tornam cavaleiros.


Em Crônicas de Gelo e Fogo, os vassalos nobres armados cavaleiros possuem também uma reputação e notoriedade elevadas. Aqui se pensou o mundo fantástico medieval, também pautado pela lógica do militarismo que serve à guerra. A todo o momento nos deparamos ao longo dos cinco livros um sentimento de apego dos personagens dotados de maior poder, aos vassalos sagrados cavaleiros. Isso se justifica ao considerarmos que a narrativa se torna fluida pelo fato dos cavaleiros serem vitais para o esforço empreendido na guerra. 


O prestígio do vassalo que enfrenta uma guerra é o suficiente para que ele obtenha status de herói, sobretudo no mundo fantástico criado por Martin. Vemos um aspecto interessante dos laços de ligação, os cavaleiros, antes um grupo que vivia sob a proteção do castelão nas cortes, a partir de agora possuem status e terras o suficientes (advindas de recompensas por serviços prestados) para estabelecer seus próprios domínios. Em Crônicas de Gelo e Fogo: Guerra dos Tronos, primeiro volume da série, o exemplo mais claro disso é o Norte. Todos os vassalos de Ned Stark, senhor do Norte, possuem suas terras. A distinção social é clara quando a história avança e descobrimos que esses vassalos armados cavaleiros, lutaram ao lado de Ned em guerras anteriores. 


Até esse momento falamos da importância da cavalaria como instituição em certo período da Idade Média (c.1280) e como esta esteve extremamente associada a vassalagem. Um cenário não muito diferente daquele criado por Martin em Crônicas de Gelo e Fogo. Depois desse longo parêntese reflexivo, voltemos a nosso ponto inicial. Entender como a suserania e vassalagem são importantes para entender o universo criado por Martin. Um mundo fantástico no qual a guerra é quase sempre uma certeza, e por isso a necessidade dos laços de homem a homem. 


Diante disso, voltemos ao enredo. A todo momento na história os personagens falam de um passado recente no qual existem sete reinos e que estes se unificam sob a égide do rei. Uma figura que possui distinção social e é citada habitualmente, não só nas Crônicas de Gelo e Fogo, mas também no recorte temporal, a Idade Média, que nos utilizamos. 


Martin constrói uma narrativa cuja representação da figura real está associada ao Trono de Ferro, e apesar da existência de vários reis, o do Trono de Ferro, é uma figura central, governando, ainda que indiretamente, todo o continente de Westeros. Todos os outros reis respondem a ele. Um rei superior a todos os outros, que prestam seu juramento de fidelidade tornando-se, assim, seus vassalos. 


No enredo dos livros, o personagem que mais se aproxima dessa representação é Aegon Targaryen I, o Conquistador, primeiro rei de Westeros sendo relembrado ao longo dos cinco livros, como alguém que conquistou e unificou o continente. Aegon, poderia, nesse sentido, ser comparado a Carlos Magno, pois ao analisarmos o período no qual se deu a gênese das monarquias feudais, principalmente na região onde hoje se encontra a França e a Alemanha, Magno seria reconhecido ao longo da história como uma figura mítica por ter reunido uma grande parcela de terra, outrora fragmentada, sob a sua tutela. 


A partir de Aegon, Westeros vai se tornar uma terra marcada pelas relações de vassalagem, e vemos essa característica tomar corpo muitos anos depois, quando o filho de Ned Stark, Robb, precisa reunir os vassalos do pai para ir à guerra. Conspirações por questões políticas em torno de Ned, acabam por fazer que seja morto. Incertezas em torno do herdeiro do Rei de Westeros, que também acaba por morrer fazem com que pouco a pouco, a maior parte dos Senhores dos Sete Reinos declaram a independência de seus domínios tornando-os reinos. 


Sendo assim, Robb faz uso da instituição da vassalagem para que dessa forma possa reunir um exército forte o suficiente, para além de vingar a morte do pai, se declare o novo rei do Norte. Essa movimentação só se torna possível graças à fidelidade dos seus vassalos, que juraram fé antes ao seu pai. Como a ligação é hereditária, ele tem a sua disposição todos esses homens. A existência da vassalagem e suserania na obra de Martin é fundamental para que o enredo da história funcione, pelo menos em relação a esse clima bélico. 


Robb cavalgava à cabeça da coluna, sob a esvoaçante bandeira branca de Winterfell. Pedia todos os dias que um de seus senhores se juntasse a ele para que pudessem conferenciar enquanto marchavam; honrava um homem de cada vez, sem mostrar favoritismos, escutando como o senhor seu pai escutara, pesando as palavras de um contra as de outro. Ele aprendeu tanto com Ned, pensou ela enquanto o observava, mas terá aprendido o suficiente?( MARTIN, 2010 p.456)


Nessa passagem do livro a observadora é Catelyn, mãe de Robb. E os sentimentos dela em relação a toda essa movimentação é que o filho aprendeu bastante com pai, ainda que talvez não tenha sido o suficiente. E podemos ainda observar que Robb trata de forma honrosa a todos os senhores igualmente. Aqui nos deparamos com uma ideia, que subtendida no texto, ao   medievalista atento se mostra abertamente. Tratar a todos os vassalos iguais é uma estratégia extremamente importante. A insatisfação de um seria algo desastroso e que acarretaria em muitos menos homens lutando na sua guerra. 

Porém um outro trecho nos mostra que em alguns momentos os suseranos podem contar com a possibilidade de que seu vassalo não vai servi-lo: 


– Quatro mil homens – repetiu Robb, mais perplexo que zangado. – Lorde Frey não pode esperar combater sozinho os Lannister. Decerto pretende juntar seu poder ao nosso. 

– Será? – Perguntou Catelyn. Cavalgara adiante para se juntar a Robb e a Robett Glover, seu companheiro do dia. A vanguarda espalhava-se atrás deles, uma floresta lenta de lanças, estandartes e espadas. – Tenho minhas dúvidas. Não espere nada de Walder Frey, e nunca será surpreendido. 

– Ele é vassalo de seu pai. 

– Alguns homens encaram seu juramento com mais seriedade que outros, Robb. Lorde Walder sempre se mostrou mais amigável para com o Rochedo Casterly do que meu pai teria gostado. Um de seus filhos está casado com a irmã de Tywin Lannister. É verdade que isso pouco significa, pois Lorde Walder gerou ao longo dos anos um grande número de filhos que têm de casar com alguém. (MARTIN, 2010. p.456-457)


Em A Sociedade Feudal, Marc Bloch atenta para que se entenda que o vínculo era tratado de forma muito mais significativa quando seus efeitos eram vistos de maneira mais indistinta pois definir repostas prontas para ação, seria em alguma medida limitar o vassalo. O autor nos fala que uma vez que a vassalagem sai do espaço restrito de serviços domésticos nenhum vassalo gostaria de ficar na obrigação de servir o suserano em tudo que este necessitasse. Ainda menciona que seria difícil esperar lealdade sempre pronta de homens que, estabelecidos nos seus feudos estivessem distantes do senhor.


As considerações de Marc Bloch servem para entender porque talvez não se deva esperar algum tipo de ajuda de Walder Frey, pois este, ao ser senhor de seu próprio domínio, talvez veja cada vez menos necessidade de servir fielmente ao seu suserano além é claro de ter estabelecido uma espécie de outra aliança com os Lannister pois um de seus filhos se associou a esta família, fenômeno que Bloch chama de multiplicação dos laços de vassalagem.


Essas observações, feitas através de um estudo da narrativa literária fantástica contemporânea e as apropriações que a permeiam demonstram que possibilidades de examinar as relações vassálicas em Crônicas de Gelo e Fogo são múltiplas o suficiente que para analisá-las em sua totalidade demandaria um trabalho muito maior que esta despretensiosa comunicação, diante disso é válido avaliar, na medida do possível que a hipótese aqui levantada de que se pode analisar aspectos da sociedade medieval numa obra de ficção, mas especificamente de fantasia, se mostrou respondida, de maneira singela, porém satisfatória.                                 


Referências Bibliográficas 


Fontes 

MARTIN, George R. R. As Crônicas de Gelo e Fogo Livro 1 A Guerra dos Tronos. Trad: Jorge Candeias. S.P., LeYa, 2010. 

MARTIN, George R. R. As Crônicas de Gelo e Fogo Livro 2 A Fúria dos Reis. Trad: Jorge Candeias. S.P., LeYa, 2011. 

MARTIN, George R. R. As Crônicas de Gelo e Fogo Livro 3 A Tormenta das Espadas. Trad: Jorge Candeias. S.P., LeYa, 2011. 

MARTIN, George R. R. As Crônicas de Gelo e Fogo Livro 4 O Festim dos Corvos. Trad: Jorge Candeias. S.P., LeYa, 2012. 

MARTIN, George R. R. As Crônicas de Gelo e Fogo Livro 5 A Dança dos Dragões. Trad: Marcia Blasques. S.P., LeYa, 2012.     


OBRAS CONSULTADAS 

BASCHET, Jérome. A Civilização Feudal. São Paulo, Globo:2006 

BASCHET, Jérôme. La Civilización Fedual. Fondo de Cultura Americana. México D.F:2009 

BLOCH, Marc. A Sociedade Feudal. Lisboa: Edições 70,1987. 

DUBY, Georges. Senhores e Camponeses. Lisboa, Teorema: 1988. 

DUBY, Georges. A Sociedade Cavaleiresca. Martins Fontes, São Paulo, 1989.

ECO, Umberto. Introdução à Idade Média in: Idade Média: Bárbaro, Cristãos e Muçulmanos ECO, Umberto (org.) Publicações Dom Quioxote, Alfragide, 2010. 

DUBY, Georges. La Société aux X et XII Ie siêcles dans Ia région mâconnaise. Paris, A. Colin: 1953.  

ECO, Umberto. Sonhando com a Idade Média In: Viagem na irrealidade cotidiana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

FACHINI, Ricardo. I WATCH IT FOR HISTORICAL REASONS in: Práticas da História, n. º 4 (2017): 43-73 

FUGELSO, Karl (org.). Studies in Medievalism XIX: Defining Neomedievalism(s). Cambridge: D.S. Brewer, 2010

LE GOFF, Jacques A Civilização do Ocidente Medieval. Bauru, EDUSC: 2005 

MEDEIROS. Márcia Maria de. Considerações sobre o fantástico na literatura medieval in: Revista Trama- Volume 4, 2008 p.147-157. 

UTZ, Richard. Medievalism is a Global Phenomenon: Including Russia. 2019

WORKMAN, Leslie J. "Medievalism Today". In: Medieval Feminist Newsletter 23, 1997.



Comentários

  1. Prezado autor, achei muito interessante seu trabalho. Você já pensou na possibilidade de uma proposta interdisciplinar para o ensino ou na montagem de estratégias ativas, sequências didáticas para a sala de aula? E como você avalia as fronteiras entre história e literatura para o trabalho do professor e do historiador?

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    1. Olá Caio! Fico feliz por seu feedback positivo com o texto! Enquanto docente posso te dizer que a possibilidade de um encontro interdisciplinar entre História e literatura é algo enriquecedor em termos pedagógicos. Já trabalhei bastante com isso em sala de aula. Principalmente com o clássico Diário de Anne Frank e os resultados foram frutíferos. Sendo assim , acredito que uma sequência didática para trabalhar Idade Média, usando livros de fantasia contemporânea ( claro que com os cuidados necessários) é uma possibilidade ótima. Em relação à sua segunda pergunta. Obras literárias podem ser fontes históricas bastante didáticas, principalmente se questionarmos as motivações do autor, o contexto em que a obra está inserida e etc. Com esse olhar mais direcionado podemos dizer que a literatura é uma aliada valiosa nas aulas de História.

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  2. Olá Patrick, tudo bem? Seu trabalho é delicioso. Contempla muito sobre a universo das Crônicas e, ao mesmo tempo, exerce uma reflexão histórica importantíssima sobre o desenvolvimento dos elos políticos que envolvem toda a trama. Eu, como leitor de Martin, fico muito feliz em ler este trabalho. Posto isso, coloco, agora, minha pergunta: como você discutiria o elo entre o Norte e o Sul, a partir da ótica de suserania e vassalagem, a partir do ponto que são regiões completamente distintas, inclusive em sua religião e que apontam para leis internas completamente diferentes. Digo isso, porque sabemos que o Norte tem sua própria forma de aplicar o conceito de Suserania e Vassalagem, que é bem diferente do Sul.
    abraços,

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    1. O meu nome não saiu no comentário. Faço minha assinatura aqui: LEONARDO ROCHA AMORIM

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    2. Olá Leonardo! Estou muito feliz por você ter gostado do texto. E é uma satisfação enorme encontrar outras pessoas que se interessam por literatura de fantasia. Sua pergunta é muito interessante, e sua colocação bastante precisa. De fato Norte e sul divergem em diversos sentidos, são culturas e modos de vida totalmente distintos, porém, no que tange às estruturas políticas, ainda que tenham algumas dissimilitudes Westeros é atravessada pelas relações de vassalagem e suserania. Vemos essas diferenças que você menciona a partir do momento em que a ausência de um Rei com poderes centralizados dá origem a diversos movimentos separatistas. E o que permeia todos esses separatismos é justamente a vassalagem. Foi essa a abordagem que procurei explorar ao longo do texto, mas levando em conta todas as diferenças de região pra região

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  3. Bom dia.

    Primeiramente, parabéns ao autor pelo interessantíssimo artigo!

    Ao mencionar no final do texto o fenômeno denominado por Marc Bloch de "multiplicação dos laços de vassalagem", seria possível pensarmos, como aproximações deste modelo da historiografia medievalista, a complexa rede de relacionamentos construída por George Martin em seus romances? Ou seja, os casamentos e relacionamentos como forma de diplomacia e acordo entre os reinos? E ainda, pensar a opção da casa Targaryen de se afastar destes modelos de ampliação de vassalagem, ao realizar casamentos internos (incestuosos), como uma forma de fechamento no círculo familiar, divergindo a estas "multiplicações"?

    Desde já, muito obrigado!

    Felipe D. Ruzene.

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    1. Olá Felipe! Muito obrigado pelo seu comentário positivo. Suas perguntas são ótimas! E apesar de ter recortado a minha análise apenas para a rede de vassalagem focada em fins militares, podemos dizer com propriedade que o modelo historiográfico de Marc Bloch pode ser aplicado a todas essas relações que você menciona, inclusive as opções dos Targaryen que fogem à regra ao procurar sempre restringir seus laços à família, visando não dividir seu poder.

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  4. Boa tarde! Excelente texto!
    Apesar do autor dizer que a obra não se passa no mundo Medieval, podemos notar claramente traços do medievo como as vestimentas, os grandes banquetes, as guerras e etc. Nesse sentido, gostaria de saber qual o papel da mulher dentre os vassalos, digo ela somente se casaria ou estaria entre eles, nas guerras, “lutando” pelo seu rei? Qual a sua função? E qual a diferença do papel feminino tanto no fictício quanto no real?

    Desde já, agradeço.

    Jady Emanuely Amorim Ferreira

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    1. Olá Jady! Muito obrigado pelo seu feedback positivo! A sua pergunta é ótima e ilumina um debate necessário sobre a obra. Diferentemente do que vemos na historiografia sobre a Idade Média, as mulheres na obra de fantasia de Martin aparentam ter um papel bem mais ativo do que as mulheres do medievo, ainda que Westeros seja um mundo bastante machista. Apesar de não acontecer com grande frequência as mulheres podem inclusive lutar na guerra pelo senhor do domínio onde vive. Um exemplo disso é Brienne de Tarth ( se não conhece sugiro que pesquise sobre essa personagem incrível.) Em relação às outras perguntas, a representatividade feminina é tão importante que a narrativa só funciona por que é permeada de personagens femininas que possuem importância sócio-politica. É uma obra literária que fala sobre poder e coloca essas mulheres em posições de poder. Temos diversos exemplos disso ao longo dos cinco volumes da série. Em relação a Idade Média da qual nos fala a historiografia, a mulher era vista ( e isso bastante respaldado pelos preceitos do catolicismo) como instrumento de procriação, e propriedade papel dos homens não tendo nenhum papel ativo nas relações de suserania e vassalagem que são em sua essência relações masculinas.

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  5. Olá, Patrick! Em primeiro lugar, parabéns pelo texto e pelas reflexões levantadas. Tendo em vista o teor e o conteúdo muitas vezes "gráfico" dos romances das Crônicas de Gelo e Fogo, gostaria de saber quais a possibilidades de abordagem dos aspectos medievais levantados nestas obras em salas de aula do ensino básico? E em que medida os horizontes mobilizados sobre os laços de vassalagem e suserania configuram uma compreensão material - ainda que representada e significada dentro do próprio universo de Westeros - destes aspectos simbólicos e sociais no medievo?

    Grato pela atenção, e mais uma vez, parabéns pelo trabalho!

    Luan Morais

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    1. Olá Luan! Muito obrigado pelo seu comentário muito relevante. Acredito que a abordagem da obra em sala de aula deve ser feita com alguns cuidados no que tange a usa-la como recurso para compressão das relações vassalicas. Digo isso por que , por mais que essas estruturas de poder permeiem a obra no geral , como você mesmo disse elas falam sobre esse universo fictício em específico. Acredito que é possível usar a obra ressaltando algumas dessas relações mencionadas, porém sempre se atentado com os educandos sobre as divergências apresentadas em relação à historiografia especializada sobre o assunto. E sempre atentando para uma coisa em específico: por mais que apresentem elementos do passado, qualquer obra literária contemporânea ( e em especial a fantasia medieval) fala mais sobre a época em que foi produzida do que sobre o passado em si.

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    2. Excelente. Obrigado pela atenção, Patrick! Sucesso na jornada!

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  6. Olá, Patrick

    Ótimo trabalho, você articulou muito bem suas ideias com as citações de passagens dos livros do Martin.

    Sei que foge um pouco ao seu tema, mas já ouvi alguns comentários de pessoas comparando a família Greyjoy aos vikings. Você acha que essa pode ter sido a inspiração para o Martin? Caso sim, que paralelos pensa que é possível traçar entre esses guerreiros medievais e essa representação do século XX?

    Como você fala bastante sobre a Cavalaria, acho que seria interessante ler o livro "A Cavalaria: da Germânia Antiga à França do Século XII" do historiador francês Dominique Barthélemy. Ele enfatiza bastante essa questão da distinção social que os cavaleiros buscavam enfatizar em suas práticas sociais, e que aparece no teu texto.

    Mais uma vez, parabéns pela comunicação!

    Ramiro

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    1. Olá Ramiro. Muito obrigado pelo seu comentário e pela indicação, irei procurar a obra que você recomenda! Sobre a sua pergunta: acredito que a comparação com os Greyjoy aos vikings se dê mais por ambos serem povos navegantes, e que supostamente saqueiam e pilham ( visão construída sobre os vikings). Porém acredito que as semelhanças não vão muito além disso.

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  7. Boa noite Patrick,
    Seu Texto me despertou muito interesse e gostaria de parabeniza-lo pelo texto, gostaria de colocar de perguntar uma dúvida que me surgiu ao ler seu texto é como funcionava os ritos de vassalagem e suserania em Westeros e a idade média?
    Outro ponto que me deixou reflexivo é como as leituras positivistas tornam as análises de pesquisas como essa mais dificultadas?
    Agradecido pela atenção,
    André Luis Araujo Pereira Junior

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    1. Olá André! Muito importante seu comentário e vale a pena fazermos uma distinção clara em relações aos ritos vassalicos dos quais nos fala toda uma historiografia especializada sobre o assunto e em relação à representação da vassalagem na obra literária de fantasia. Obviamente, e tomando como referencial teórico Marc Bloch, eu diria que a "Homenagem Vassalica" tal qual teria ocorrida na Idade Média era perpassada por uma série de ritos , que iam desde a junção das mãos à beijos na boca, que não vemos mencionados em Westeros. O que acontece é que, mais importante que os "ritos" ( no mundo da fantasia de Martin são escassos) destaca- se a natureza jurídica do vínculo e em como ela se transforma em um elemento político substancial em ambos os mundos. Em relação à sua segunda pergunta, podemos observar que o positivismo e seus pressupostos epistemológicos priorizam a história feita a partir de um lugar de objetividade e neutralidade enquanto paradigma do conhecimento. E por esse motivo as fontes históricas que a ótica positivista prefere são documentos oficiais e por esse motivo dariamos de cara com uma barreira sistêmica ao tentar analisar fontes como livros de fantasia sob a ótica positivista.

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  8. Excelente trabalho, meus parabéns. Enquanto uma graduanda em história e consumidora cujo interesse neste curso foi fomentado pela mídia de entretenimento, creio que esta é uma experiência com a qual poderei estabelecer um vínculo com meus futuros alunos, também os instigando a buscar mais além do que a ficção mostra.
    Em seu trabalho é mostrado como George Martim não simplesmente usa da estética medieval (as paisagens, roupas, mitos, conflitos), mas sobretudo embasa o desenvolvimento de sua trama dentro da lógica das relações sociais no sistema político visto no medievo, o que exige uma notável compreensão e certa consciência histórica do autor.
    Sua história, portanto, não se contextualizaria temporalmente nesse período, já que não se atém a fatos históricos reais que aproximem sua saga de nossa realidade, mas seu uso das relações de suserania e vassalagem a torna associável ao mundo medieval e, logo, um meio de compreendê-lo.
    Sendo assim, considerando que a elaboração de trabalhos fictícios não só envolve a apropriação de elementos culturais ou históricos, mas que esta ação é precedida de uma pesquisa e estudo por parte dos desenvolvedores, não seria possível usufruir de qualquer narrativa fictícia (não só o que retrate uma realidade histórica) para extrair exemplos palpáveis de conceitos, teorias, formas de organização ou relações de causa e efeitos também presentes nas análises e historiografias dos historiadores?
    Por fim, ainda que tenhamos o conhecimento para avaliar criticamente uma obra e discernir influências e apropriações da história e seus conceitos, como proporcionar aos alunos essa experiência crítica quando nós mesmos só a conhecemos ao entrar no ensino superior?

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    1. Olá Michelly. Fico feliz pelo efeito que o texto causou em você! Sobre os seus questionamentos, gostaria de destacar que acredito que qualquer obra de ficção possa ser aproveitada sim para se extrair conhecimento e especialmente o histórico. Exemplo disso são análises feitas sobre o medievalism presente na franquia de filmes Star Wars ou como podemos usar , para além do conteúdo midiático, a literatura enquanto ponto de partida para a conceituação da mesma forma que está é feita na historiografia. Acredito que a criticidade e em especial a dos educandos pode ser estimulada ao provocar a saída da zona de conforto, através de reflexões que busquem desafia-los a pensar cada vez mais. Isso indica a superação de bases conteúdistas e o desenvolvimento do "ensinar" o educando a "aprender".

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    2. Sou grata pela sua resposta. Seu trabalho foi mais um propulsor para seguir que eu possa seguir com a de usar da ficção no aprendizado.

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  9. Adorei a comunicação produzida, tanto que não me restaram dúvidas da construção feita por você na mesma, ainda sim gostaria de tecesse um pouco mais sobre a popularização do imaginário medieval que floresceu na prática literária de fantasia a partir dos anos 80 do século passado, digo, qual o contexto que aflorou tal interesse e por quê?

    Agradeço desde já sua resposta e o parabenizo mais uma vez pela ótima reflexão!

    Maria Gabriela Moreira

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    1. Olá Maria Gabriela. Agradeço imensamente seu comentário e sua pergunta é útil, uma vez que ela atravesa a essência do que estudo. O contexto em que a Idade Média se tornou tão interessante a ponto de figurar ou protagonizar toda uma produção cultural que vai do desenho animado aos jogos de vídeo game. Sabemos que cada época teve uma relação singular como o medievo, seja para exaltar sua contemporaneidade seja para desemerece-la diante de um passado glorioso. O que acontece é que desde o início do séc. XX vemos despontar no horizonte cultural uma relação ambígua com a Idade Média, ora para confirma-la como Idade das Trevas ora como refúgio do mundo caótico cotidiano ( que estava se urbanizando cada vez mais ) e acredito que seja justamente desse embate de leituras que surge o ponto central do medievalism.

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  10. Bom dia, excelente debate acerca do Medieval atrelado as Crônicas do Gelo e Fogo, pensando nisso como você traduziria este artigo em uma abordagem prática no âmbito escolar ?

    José Victor Ferreira Rocha dos Santos

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    1. Olá José, enquanto professor e tomando os devidos cuidados existe toda uma série de estratégias que podem ser adotadas e traduzidas em sequências didáticas para falar de Idade Média: produção de jogos, debates literários que buscam entender onde a obra fictícia converge ou diverge do passado medieval.

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  11. Olá, Patrick, excelente texto, parabéns!

    Eu percebo que essas relações de suserania e vassalagem, analisadas nas obras, são um assunto pouco atraente para os alunos, quando pensamos no âmbito do ensino. Entretanto, é interessante notar como se torna algo fascinante pros mesmos alunos, quando o tema é retratado em adaptações pras diversas mídias.
    Todavia, o professor de história, dadas as dificuldades da educação no país, muitas vezes se vê impotente diante de um sistema de ensino engessado. Tendo em vista esse cenário, onde se busca alternativas para o ensino de história, com o auxílio das mais diversas mídias, seria a literatura, à exemplo da obra Crônicas de gelo e fogo, uma das alternativas mais eficientes para isso?

    Dalgomir Fragoso Siqueira (UPE - Mata Norte

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    1. Olá Dagolmir, boa noite! Sua pergunta é importante e necessária, ainda mais levando em conta um cenário nada favorável para a educação de base no Brasil. Tendo isso em mente vale destacar que estamos vivendo em um mundo no qual bombardear os educandos de conteúdos torna a ação educativa frustante e inútil. Sendo assim digo com a propriedade de quem já fez "experiências" com mídias nada convencionais que o uso da literatura pode ser um diferencial na sala de aula, dependendo da abordagem que fazemos.

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